quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

É um bobo mesmo

"Você não gosta de mim"

É. Você tem razão.
Eu não gosto de você.

Eu não gosto de você quando você diz isso.
Eu não gosto de você quando sou uma dúvida nos seus planos.
Não gosto de você quando olha pra outras meninas, mesmo que de brincadeira, nem quando diz que não sou seu tipo.
Não gosto quando supõe que posso sair com outros caras e não demonstra medo disso acontecer.
Não gosto de você quando me faz sentir insegura e quando parece fácil demais se despedir de mim.

Mas eu volto a gostar de você quando me manda uma mensagem marcando um encontro comigo justo no momento em que escrevo esse texto.
Eu gosto de você quando me conta dos seus amigos ricos e eu percebo que eu ainda quero estar com o cara que não tem nada disso.
Gosto demais de você quando sorri, e quando me dá uma olhada de canto de olho.
Gosto de ouvir você falando, e de ouvir que você fala muito quando tá comigo.
Gosto de você quando demonstra zelo por mim.
Gosto especialmente da pessoa que eu vejo em você.
Eu gosto de nem sequer conseguir explicar porque eu gosto de você, mesmo sabendo que eu gosto, e que essa é uma certeza desde o momento em que eu acordo até a hora que vou dormir, e que invade até meus sonhos.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Sons que confortam

Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso cardíaco. Só estavam os três na casa: o pai, a mãe e ele, um garoto de 13 anos. Chamaram o médico da família. E aguardaram. E aguardaram. E aguardaram. Até que o garoto escutou um barulho lá fora. É ele que conta, hoje, adulto: Nunca na vida ouvira um som mais lindo, mais calmante, do que os pneus daquele carro amassando as folhas de outono empilhadas junto ao meio-fio.
Inesquecível, para o menino, foi ouvir o som do carro do médico se aproximando, o homem que salvaria seu pai. Na mesma hora em que li esse relato, imaginei um sem-número de sons que nos confortam.
A começar pelo choro na sala de parto. Seu filho nasceu. E o mais aliviante para pais que possuem adolescentes baladeiros: o barulho da chave abrindo a fechadura da porta. Seu filho voltou.
E pode parecer mórbido para uns, masoquismo para outros, mas há quem mate a saudade assim: ouvindo pela enésima vez o recado na secretária eletrônica de alguém que já morreu.
Deixando a categoria dos sons magnânimos para a dos sons cotidianos: a voz no alto-falante do aeroporto dizendo que a aeronave já se encontra em solo e o embarque será feito dentro de poucos minutos.
O sinal, dentro do teatro, avisando que as luzes serão apagadas e o espetáculo irá começar.
O telefone tocando exatamente no horário que se espera, conforme o combinado. Até a musiquinha que antecede a chamada a cobrar pode ser bem-vinda, se for grande a ansiedade para se falar com alguém distante.
O barulho da chuva forte no meio da madrugada, quando você está no quentinho da sua cama.
Uma conversa em outro idioma na mesa ao lado da sua, provocando a falsa sensação de que você está viajando, de férias em algum lugar estrangeiro. E estando em algum lugar estrangeiro, ouvir o seu idioma natal sendo falado por alguém que passou, fazendo você lembrar que o mundo não é tão vasto assim.
O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a chegada do namorado. Ou mesmo a chegada da pizza.
O aviso sonoro de que entrou um torpedo no seu celular.
A sirene da fábrica anunciando o fim de mais um dia de trabalho.
O sinal da hora do recreio.
A música que você mais gosta tocando no rádio do carro. Aumente o volume.
O aplauso depois que você, nervoso, falou em público para dezenas de desconhecidos.
O primeiro eu te amo dito por quem você também começou a amar.
E o mais raro de todos: o silêncio absoluto.

(Martha Medeiros)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

‎"O mundo é isso, revelou: um monte de gente, um mar de foguinhos. Não existem dois fogos iguais. Cada pessoa brilha com luz própria, entre todas as outras. Existem fogos grandes e fogos pequenos, e fogos de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem fica sabendo do vento, e existe gente de fogo louco, que enche o ar de faíscas. Alguns fogos, fogos bobos, não iluminam nem queimam. Mas outros, outros ardem a vida com tanta vontade que não se pode olhá-los sem pestanejar, e quem se aproxima se incendeia."

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Tempo quanto tempo tem?

Meu irmão não gosta de gatos, diz que são traiçoeiros.
Pra mim, os gatos não chegam nem aos pés de serem traiçoeiros como é o tempo.
Sempre do contra, sempre apressando, atrasando, demorando, correndo.
Nos trai quando precisamos dele, e nos é fiel quando não o queremos.
É sempre a mesma coisa.
De manhã, acordo 06:00 e quando vejo já são quase 07:00. Chego na escola/faculdade/trabalho começa: 07:02, 07:03 ... 07:09. Custa a passar um dia com se fosse um mês.
Então é melhor esperar sentado se quer esperar por uma semana.
E quando enfim chegar, prepare-se: escorre rápido como água entre as mãos.


Como bem disse Saul, em sua música:

"Tempo passa com vários ritmos, pra alguns devagarinho, parece querer deitar.
Tempo passa com vários ritmos, pra alguns rapidíssimo, sem tempo nem pra amar."
Hoje acordei mole mole.
Com vontade redobrada de ficar na cama, me enrolar no edredom e abraçar alguém.
E ficar lá.
Assim, no mimo, no dengo, com sons de respiração e coração.
Sem hora pra nada, com tudo.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Raro

E é assim, e será assim, todos os dias, desde que te conheci.
Será assim, como hoje, quando no meio do trabalho você me vem na cabeça e me faz dar um sorriso bobo, e viajo nos pensamentos, vou pra perto de você, quietinha, repousar.
É certo que o tempo nos faz ficar mais calmos, mas é uma calma doce, onde mesmo na ausência, há companhia. Tranquilidade, não estar sozinha, mesmo em uma sala vazia ou a milhares de km.
Rara sensação esta, que de tão única se é contraditória, ao sentir o coração cheio, e de tão cheio, estar leve.

sábado, 17 de dezembro de 2011

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A fita métrica

Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade.

Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto.

Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.

Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.

É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.

Martha Medeiros
 Um estado muito novo e verdadeiro, curioso de si mesmo, tão atraente e pessoal a ponto de não poder pintá-lo ou escrevê-lo.
A vida é tão boa de ser vivida.
O médico perguntou: o que sentes? - E eu respondi: sinto lonjuras, doutor. Sofro de distâncias.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Não dá pra ficar lendo textos desses autores apaixonados, bem ou mal amados, saudosos ou estressados sem tentar pescar alguma coisa pra nossa vida. A melhor coisa mesmo é parar de ler, pra não confundir, e viver leve, um dia após o outro. Ponto.
E essa vontade tão grande de sair por aí, caminhando sem direção certa, só pra caminhar, só pra ver o tempo passar, até encontrar um bom lugar pra ver o pôr-do Sol?
Vou visitar a banheira da minha mãe hoje, equipada com boa música, um bom livro e sais de banho.
Me perder por lá.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Deus, me dá uma bola de cristal? Me manda um sinal? Ou sei lá, um sonho, um manual!
Qualquer coisa.
Espero que tenha um suco de maracujá em casa.
Pra acalmar, sabe?

Mas como já disse Renato Russo: Tudo passa.

Vai logo embora, TPM.

Conselho

Assustada com o amor? Ah, não. Tanta gente querendo, tanta gente sentindo falta. E você de repente abençoada - e confusa? Fica não. Tem tanta gente interessante por aí querendo entrar. Deixa.
Deixa entrar: na vida, no coração, na cabeça.
E uma hora, de repente você se pega pensando: “Que coisa é essa que está acontecendo comigo?

Ele é uma possibilidade sua, menina. Possibilidade não verbalizada. Como um sentimento sem nome, feito de uma palavra estranha.
Fique feliz em poder sentir sua falta - a falta mostra o quão necessitamos de algo/alguém.
E você sabe que tem vontade de perguntar a ele, bem baixinho: Você não gosta nenhum pouquinho de mim?
Mas não aceite que ele finja sentimentos, não queira que segure sua mão se tem a intenção de soltá-la. Queira só o que for verdadeiro. E que seja doce. Repita sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante.
Ai chega a hora em que te conto um segredo: O tudo que faltava, talvez seja ele.

Pedaços de mim

Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos ,um livro mais ou menos.
Tudo perda de tempo.
O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.

"A ética da responsabilidade"

Quem tem esperança luta. Quem está desiludido aceita. Uma moralidade de esperança reside na certeza de que podemos mudar o mundo para melhor. Sem determinadas convicções é difícil ver da onde pode vir a esperança, exceto do otimismo. Otimismo e esperança não são a mesma coisa. Otimismo é a crença de que o mundo está mudando para melhor; Esperança é a certeza de que, juntos, nós podemos fazer o mundo melhor.
Otimismo é uma virtude passiva; esperança é uma virtude ativa.
Não é preciso ter coragem para ser otimista, mas é preciso ser muito corajoso para ter esperança.
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos,na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

É, querida.
Aguenta firme ai.

Seu valor

"Você ainda tem tempo de mudar de idéia e escolher um partido melhor"
Nem por um milhão de dólares.
Esse é um dos casos em que todo o dinheiro do mundo se reduz a nada.
Você vale muito mais que isso pra mim.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Único

O que vai sendo vivido e sentido por cada um é tão particular que, mesmo incomum ou já cantado em prosa e verso, é para sempre também único.

Ele.

Falávamos como se nos conhecêssemos há anos.
Há vidas quem sabe.
Penso nele, sim, penso nele.
É como um anjo que veio me dar harmonia nesses dias meio remotos, o sorriso é tão aberto, me transmite tanta paz, é como um vento forte e gostoso no rosto da gente…
É, eu o quero profundamente.
Me dói a possibilidade de um não.

"Eu te preciso. Perto, longe, tanto faz."
Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo e de ser por completo.

Nós

"Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados.
Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam.
Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero
domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e
travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa."
Tudo assim como que perfeito, e não existe nada mais esterilizante do que a perfeição de não se querer nada além do que está à nossa volta.

Segredinho

"Mas ela gosta de colecionar segredos.
Coisas grandes, que ela guarda dentro de uma caixinha. É doce, doce, extremamente doce, tão doce. E ela fica ali, mastigando alegrias."

Retalhos

Antes mesmo de nascer, Deus sabe quem vai te fazer feliz para sempre.
Mas feliz, feliz, feliz. Uma página inteira feliz. Um livro inteiro feliz. Um mundo inteiro.
Acho que é bom a gente saber que existe desse jeito alguém, como você existe pra mim.
Imagino que isso que chamamos de amor. Algo assim. Porque tudo que vivi e senti antes me parece agora bobagem, brincadeira.
Olha, sabe duma coisa que eu aprendi? O segredo do belo está aqui, oh. Na sua cuca, no seu olho que realmente vê, dentro de você. Se você souber olhar as coisas dum jeito mágico, tudo fica mais bonito
Estou sabendo muito bem quem sou e o que pretendo - sem ilusões enlouquecidas
Não negue, apareça. Seja forte. Porque é preciso coragem para se arriscar num futuro incerto. Eu enfrento o mundo com uma mão, se você segurar a outra.

Caio Fernando Abreu
"Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez."

Vida

Eu gosto de ver filmes, mas não tem nada melhor do que viver o próprio romance.
E algumas coisas, eu não abro pra ninguém.
É só nosso.
Você tem me ganhado nos detalhes e aposto que nem desconfia.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

(Fernando Pessoa)

One and only - Adele

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Encontro - Maria Gadú

Sai de si, vem curar teu mal

Te transbordo em som, põe juízo em mim
Teu olhar me tirou daqui, ampliou meu ser
Quero um pouco mais, não tudo, pra gente não perder a graça no escuro
No fundo, pode ser até pouquinho
Sendo só pra mim,sim

Olhe só
Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Remar

Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar também.Tá me entendendo? Eu sei que sim. Eu entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Não tem como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas você tem que remar também. Eu não desisto fácil, você sabe. E quero que essa viagem dure mais do que alguns minutos, eu entro nesse barco, é só me pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo pra te ver todo dia. Mas você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Eu te ensino a nadar, juro! Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso, enquanto tiver forças! Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena.
Remar.
Re-amar.
Amar.

Caio Fernando Abreu

Boba boba

Eu sei lá.
Fico assim depois de falar com você.
Boba.
Paralisada.
Você me faz feliz.
E nem deve saber o quanto.
Tava com saudade.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Alma e corpo

Dando uma folheada numa revista de fofoca, e vendo as várias fotos, de pessoas elegantes, bonitas, famosas, e todas essas coisas, me peguei pensando como é possível alguém se sentir seguro desse jeito.
Imagina, você viver em um mundo onde o que mais importa é a sua aparência, onde os paparazzi estão lá para te fotografar, e na revista sair detalhadamente que roupa você vestia, e se estava bonito ou não, ser alvo dos holofotes, e não passar despercebido nunca.
Me veio também um pensamento: Tanta gente bonita, tanta gente sendo só o corpo. Como é seguro levar um namorado ou até o marido numa festa onde se está suscetível a cantadas, olhares e belos corpos?
A realidade é que sempre haverão pessoas mais bonitas que você, sempre alguém mais novo, com mais firmeza, ou ainda com aquele ar juvenil que aos poucos vamos perdendo.
Me pergunto se essas mulheres não tem medo de serem trocadas por outro rosto mais bonito, outro corpo mais belo, outra aventura.
É então que eu percebo cada vez mais o quanto é lindo e sábio o que a Torá nos ensina.
Sobre esconder o externo para se enxergar o que vem por dentro, não confundir os sentimentos mais carnais para que a espiritualidade possa se expressar.
Mas, e se estamos em uma situação, onde estamos como deveríamos estar, mas no local onde muita gente vive do modo como a sociedade atual/moderna diz que é o melhor, como não estremecer nas bases?
Fácil.
Quando duas pessoas se conhecem e se admiram pelo que conheceram, pelo conteúdo que encontraram quando conversaram, pela cumplicidade que se criou e pelo sentimento puro que surgiu de algo realmente estável e verdadeiro, nenhum corpinho bonito ou mais jovem vai chegar a ser tão interessante quando a pessoa que se escolheu para passar o resto da sua vida.
Quando se escolhe algo duradouro e não o corpo que um dia vai envelhecer como qualquer um, quando mesmo sem se tocar, o casal vê muita graça na companhia um do outro, isso é capaz de fazer a pessoa ficar cega para qualquer outra e bloquear qualquer pensamento que se desvie.
E daí que aquele cara ali tenha uma barriga de tanquinho enquanto meu marido tem uma barriguinha a mais?!
Que me interessa se aquela mulher está com pedaços de pano no corpo perfeitamente esculpido enquanto minha mulher está aqui do meu lado com roupa suficiente para guardar apenas pra mim o mais belo que ela tem?!
Quando se ama, se ama por inteiro.
Quando se quer, movemos montanhas.
Quando se compara, percebemos que nosso jardim é muito mais verde que o do vizinho.
Quando se conecta almas de verdade, e se cultiva, a tendência é não temer e viver em paz.

Avenca

"...deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente (...)"

(trecho de Para uma avenca partindo - Caio Fernando Abreu)

Deixo em paz os passarinhos

Tava pensando sobre as inspirações que as pessoas usam pra escrever alguma coisa bonita,e como é possível sair tanta coisa especial de dentro dos corações, estejam eles quebrados ou preenchidos.
Tenho sentido muita vontade de declarações, assim, dessas em que dá vontade de subir no telhado e ficar cantando bem alto pra todo mundo ouvir.
Mas ai lembro daquele poeminha bonitinho que conheci no meu livro de português na escola "Se me amas, ama-me baixinho, deixe em paz os passarinhos".
É bem difícil guardar. Mas ao mesmo tempo, considero tão especial que é suficiente apenas você saber, que hoje você faz parte dos meus pensamentos, e que a saudade bate muito forte em alguns momentos.
Já sinto falta daquele olhar que me deixa igual menina boba.
Na verdade, eu sinto saudade da sua companhia. Mesmo que silenciosa. Mesmo não fazendo nada. Estar já basta. E o engraçado é que isso eu senti desde a  primeira hora que passamos juntos.
Tenho sentido vontade de ser melhor, de crescer, de voltar a ser aquela que um dia larguei por bobagens do passado.
Não sei no que vai dar, mas já valeu.
Valeu por ter me tirado do passado congelado, e me devolvido a vontade de viver o hoje, e de planejar um futuro que pensava estar longe demais.

domingo, 27 de novembro de 2011

Manual

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem, gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca. Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. Não invente de não querer filhos. Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, não olhe para outras mulheres, tenha amigos e se divirtam muito juntos. Me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar, experimente me amar!

Sintomas de saudade - Marisa Monte

Mas existem as músicas que falam por qualquer coração.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Bom dia!

Engraçado.
É tão estranho ler músicas e não se identificar mais com elas.
Estranho, não.
É aliviante.
Sigo com a minha teoria, de que a maioria das canções são para as pessoas que estão com o coração partido. E mesmo que a letra diga que esqueceu, esqueceu nada. Prova disso é a música.
Ninguém perde tempo com alguém que não lhe interessa mais.

Se de fato foi superado, o que mais interessa é a paz, e não remoer.

Foi só uma conclusão que cheguei.

Tenho tido dias leves e o coração estufado.

Ai ai.

Vida.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu em tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade.

Chegou

Eis que chegou o que eu imaginava que jamais aconteceria. Eis que meu coração foi roubado, iluminado, recarregado.
Sequer lembro das épocas escuras, só vejo luz, entusiasmo. Vejo meu sorriso e minha alegria ressuscitadas.
A vida, novinha e pronta pra ser usada, aproveitada. Quis tanto reescrever as mesmas páginas, apagava e tentava escrever. Ficou tão feio. Não deu certo.
Foi preciso trocar de livro, com páginas branquinhas e uma nova história.
E adivinha: Esqueci de todas as outras.

Foi.

Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto. É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho. É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais.

sábado, 19 de novembro de 2011

Algumas palavras

A melhor frase que eu escutei nos últimos tempos foi: ˜História não se reescreve. Damos um ponto final e recomeçamos outra.˜
Em menos de cinco minutos de conversa consegui perceber mais coisas do que dois anos inteiro.
Movie on, Mel.
É difícil, ninguém disse que seria fácil, mas é possível.
"Você é mais e melhor que isso. Quero a Mel que eu conheci de volta. Reage!"
Ele tem razão.
Voltarei.
"A vida é feita de escolhas. Quando você dá um passo à frente, inevitavelmente, alguma coisa fica para trás."
Obrigada, Miguel.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Meu Dani.

Passaram-se 10 meses. E não é à toa, que quando entrei no carro a música que tocava na rádio era justo a que me lembrava você.
Daniel, você tá no meu coração, pra sempre.
Obrigada, por tudo.
Vá em paz.
Amo você.


Love in the Afternoon - Legião Urbana

É tão estranho, os bons morrem jovens, assim parece ser quando me lembro de você que acabou indo embora cedo demais.
Quando eu lhe dizia: "-Me apaixono todo dia e é sempre a pessoa errada"
Você sorriu e disse: "-Eu gosto de você também"
Só que você foi embora cedo demais.
Eu continuo aqui, meu trabalho, meus amigos e me lembro de você dias assim, dias de chuva, dias de sol, e o que sinto não sei dizer.
Vai com os anjos! Vai em paz.
Era assim, todo dia de tarde, a descoberta da amizade, até a próxima vez.
É tão estranho, os bons morrem antes.
Me lembro de você e de tanta gente que se foi cedo demais.
E cedo demais eu aprendi a ter tudo o que sempre quis, só não aprendi a perder.
E eu, que tive um começo feliz, do resto não sei dizer.
Lembro das tardes que passamos juntos, não é sempre, mas eu sei, que você está bem agora, só que este ano o verão acabou cedo demais.

sábado, 15 de outubro de 2011

Pablo Neruda

Não te quero senão porque te quero, e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero.
Odeio-te sem fim e odiando te rogo, e a medida do meu amor viajante, é não te ver e amar-te, como um cego.
Talvez consumirá a luz de Janeiro, seu raio cruel meu coração inteiro, roubando-me a chave do sossego, nesta história só eu me morro, e morrerei de amor porque te quero, porque te quero amor, a sangue e fogo.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Não adianta.

Você pode ir embora e nunca mais ser a mesma.
Você pode voltar e nada ser como antes.
Você pode até ficar, pra que nada mude, mas aí é você que não vai se conformar com isso.
Você pode sofrer por perder alguém.
Você pode até lembrar com carinho ou orgulho de algum momento importante na sua vida: Formatura, casamento,aprovação no vestibular ou a festa mais linda que já tenha ido, mas o que vai te fazer falta mesmo, o que vai doer bem no fundo, é a saudade dos momentos simples:
Da sua mãe te chamando pra acordar, do seu pai te levando pela mão, dos desenhos animados com o seu irmão, do caminho pra casa com os amigos e a diversão natural, do cheiro que você sentia naquele abraço, da hora certinha em que ele sempre aparecia pra te ver, e como ele te olhava com aquela cara de coitado pra te derreter.
De qualquer forma, não esqueça das seguintes verdades: Não faça nada que não te deixe em paz consigo mesma;
Cuidado com o que anda desabafando;
Conte até três e se precisar até mais;
Antes só do que muito acompanhado;
Esperar não significa inércia, muito menos desinteresse;
Renunciar não quer dizer que não ame;
Abrir mão não quer dizer que não queira;
O tempo ensina, mas não cura.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O que te move?


Todos os dias, quando chego na universidade passo por um cartaz onde se lê bem grande "O que te move?", e todos os dias eu tento encontrar a resposta, afinal, essa pergunta é forte e muito delicada.
O que faz você acordar todos os dias?
Qual é a sua motivação para viver?
Hoje, enfim, consegui me dar uma resposta suficientemente boa.
Antes eu tentava e tentava, mas nada me vinha na cabeça. Descobri que o obstáculo era pensar em mim.
A diferença de hoje foi não me ter como centro, não pensei em mim. Pensei nos outros.
Pensei na diferença que a existência de uma pessoa faz na minha vida.
Cada um em seu nível, contribuiu para que eu fosse quem sou hoje, e assim como essas pessoas foram importantes pra mim, eu me esforço para fazer a diferença na vida de alguém.
E foi aí que iniciei a pensar em que momentos do meu dia dedico não à mim, mas a outras pessoas.
Imaginem: Foi impossível não lembrar do Kadima.
Eu sempre brinco dizendo que depois que você vira responsável pelo Kadima, todas as suas conversas e programações giram em torno dele.
Todo o tempo que eu disponho do meu dia para que na sexta, tudo esteja pronto, as reuniões, os jornais, as peulot, as brincadeiras, são muito mais que uma simples tarde de sábado!
Eu não faço por mim. Eu faço por ouras pessoas, pelo passado, pelo presente e principalmente pelo futuro de cada uma.
Posso vir todos os dias estudar na universidade, vir para o estágio, e até ficar de bobeira 20 min. depois do almoço, mas o que me faz levantar com vontade de fazer acontecer, é a satisfação de sentir o dever cumprido. E a cada semana que termina, uma nova semana se inicia, as férias são raras, mas quem disse que eu quero?
Todo esse trabalho, com todo o apoio que eu tenho, com pessoas maravilhosas do meu lado, lutando pelo mesmo que eu, com lealdade ao que um dia nós recebemos, preenche meu coração. Por mais que sábado a noite, eu não tenha mais forças pra nada, por mais que em alguns momentos eu puxe meus cabelos de tanta preocupação, a recompensa chega logo no fim do dia.
Se me perguntassem o que me move, eu responderia:
- Fazer mover a vida dos outros.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Especial hoje

Hoje quero falar da paz, da serenidade.
Isso que nos faz sentir completos, mesmo sem saber exatamente o por quê.
Ninguém disse que viver seria fácil, e justamente por isso, não se deve deixar escapar esses dias, de calma, de tranquilidade.
Mesmo que tantas pessoas estejam correndo de um lado para o outro, e mesmo que você precise, tanto quanto elas, correr, você ainda está em vantagem.
Pois a vida da gente precisa dessas ondas de calmaria, precisa dessa boa energia para recarregar as forças.
Quantas tardes passamos dentro de uma sala, e esquecemos do cheiro do entardecer? Das cores do Sol, da mudança de clima?
Algumas vezes que eu sai antes do horário, tive vontade de parar o carro no meio do caminho por ter visto o pôr-do-Sol. Sinto falta de parar e admirar.
Quando trabalhava longe, a volta era sempre a melhor parte, numa estrada limpa, com céu aberto, azul tão lindo.
É preciso lembrar desses espetáculos diários, que aos poucos vamos esquecendo na correria dos nossos dias, no andar apressado, no tempo atrasado.
Abra as cortinas, deixe a luz entrar na sala, no rosto, na alma.

domingo, 25 de setembro de 2011

Descaso

Sabe, dá vontade de desistir. De jogar tudo pro alto e mandar todo mundo se virar.
É incrível como ninguém dá valor, ninguém se importa com todo o esforço alheio de promover uma coisa legal.
Todo mundo só olha pro seu próprio umbigo.
Cada um acha que não faz falta, mas faz.
Cada um pensa: ah, isso é pro pessoal da comunidade, sem se olhar no espelho e perceber que ele próprio faz parte disso!
É tanto investimento pra pouco retorno.
É como querer espremer agua de pedra.
Que se dane,

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Pra você

E o que é essa familiaridade tão repentina, tão tranquila que me invade e deixa tão à vontade para dizer "Eu te amo"?
Será a paz?
Será o amor que traz?
Talvez chegue um ponto no nosso coração em que a vergonha já não mais existe.
Apenas uma vontade de dizer calmamente, que eu te amo.
Sem fingir, sem mascarar, sem ignorar o já tão escancarado valor que você tem pra mim.
Hoje eu digo, com a mesma tranquilidade e certeza com que te dizia antes: eu te amo.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Revestres

E quando o coração volta a transbordar, a fraqueza chega, com intensidade.
Você parece viver no meu passado. Tão distante, tão ausente.
O presente é repleto de "se" e de "por que". De fragilidade e uma ponta afiada de arrependimento.
Existem coisas que não adianta querer voltar atrás para consertar. Basta esperar do futuro, uma esperança debilitada, mas ainda assim, esperança.
Aos poucos, a caixa tão pesada de lembranças vai se fechando. Bem devagar. Bem relutante.
Se eu pudesse dizer tudo o que eu quero, se eu pudesse olhar nos teus olhos, ou apenas estar ao teu lado, por alguns minutos, por alguma eternidade.
O corpo sabe o que é ter fome. E aprendi que a alma também sente. A alma suplica, treme, se encolhe.
É como se ela quisesse se concentrar no coração e deixar todo o corpo à "Deus dará", pois definitivamente, o coração pede apoio, assistência, companhia.
Me diz como posso esquecer, mudar de canal, curar essa falta dos teus olhos, dos teus cheiros, do teu sorriso, da tua voz, de você inteiro.
Tudo o que faço é abrir meu coração.
Deixo pistas pra você me encontrar. Quem sabe você apenas se perdeu do caminho.
Seria tua para sempre.
Seria para sempre tua.
Seria tua.
Tua.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Já escondi um amor com medo de perdê-lo, já perdi um amor por escondê-lo. 
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. 
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso. 
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE! 
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. 
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer: 
- E daí? EU ADORO VOAR!

Nada fazer.

Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. 
Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. 
Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. 
Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés.
 Os sentimentos são sempre uma surpresa. 
Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. 
Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. 
Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.

Pertencer

"Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado com papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, então raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos."

Minha Alma

Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros.


Clarice Lispector.

domingo, 7 de agosto de 2011

Parece que nunca cura.
Nunca.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Lá vem de novo

Sabe, bate uma saudade meio maluca às vezes.
Dessas que por um fio, me faz entrar em contato com você.
Mas por alguma razão, ainda sobra um pouco da sensatez que me mantém distante.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Inútil.

De que me adianta escrever textos e frases bonitas se eles nada valem se não são lidos por quem precisa?
É um desabafo temporário, e o coração segue sufocando.
Agora dei para ter gastrite por problemas emocionais.
Quem disse que amor não mata?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Uma criança com seu olhar

Aqui estou na difícil missão de levar a você uma mensagem que possa ser como uma luz ou um mantra, nós não somos mais crianças, um dia acontece, a gente tem que crescer.
Temos que encarar a responsa, eu não deixei de achar graça nas coisas
Simplesmente hoje eu quero ser levado a sério
As coisas mudam sempre mas a vida não é só como eu espero

Existe um dom natural que todos temos
Nossas escolhas vão dizer pra onde iremos
Mas se for pra falar de algo bom
Eu sempre vou lembrar de você


Difícil não lembrar do que nunca se esqueceu
Fácil perceber que seu amor é meu


Eu quero estar amanhã ao seu lado quando você acordar
Eu quero estar amanhã sossegado e continuar a te amar
Eu quero um sonho realizado, uma criança com seu olhar
Eu quero estar sempre ao seu lado, você me traz paz

Armadilhas do tempo são como o vento
Levando as folhas para lugares distantes,
O meu pensamento é o mesmo que o seu
Mas hoje meu coração bate mais forte que antes

Certa vez na história,
Eu vim de muito longe só pra ver você,
Fui pra muito longe pra encontrar você,
Eu te entreguei minha alma.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Don't you remember


Quando vou ver você de novo?
Você partiu sem um adeus, nem uma única palavra foi dita
Nenhum beijo final para selar qualquer coisa
Eu não tinha idéia do estado em que estávamos

Eu sei que tenho um coração inconstante e amargurado
E o olho de um errante, e um peso na minha cabeça

Mas você não se lembra, não se lembra?
A razão pela qual você me amava antes,
Baby, por favor, lembre de mim mais uma vez.

Quando foi a última vez que você pensou em mim?
Ou você me apagou completamente de suas memórias?
Porque muitas vezes eu penso onde eu errei.
E quanto mais eu penso, menos eu sei.

Mas eu sei que tenho um coração inconstante e amargura
E um olhar errante, e um peso na minha cabeça.

Mas você não se lembra, não se lembra?
A razão pela qual você me amava antes,
Baby, por favor, lembre de mim mais uma vez.

Ohhhh

Eu te dei o espaço para que você pudesse respirar,
Eu mantive minha distância, assim você iria ser livre,
Eu espero que você encontre a peça perdida
Para trazê-lo de volta para mim.

Por que você não se lembra, não se lembra?
A razão pela qual você me amava antes,
Baby, por favor, lembre de mim mais uma vez.
Quando vou ver você de novo?



segunda-feira, 4 de julho de 2011

Esquecível

"Eu só queria que você não me esquecesse neste tempo mesmo. Vai e esquece meu nome, mas não esquece de sorrir ao lembrar dos meus olhos, não esquece de fechar os seus para lembrar da minha pele. Tenho tanto medo, aliás, que a memória da sua se vá da ponta de meus dedos. Tenho tanto medo do tempo, que quer sempre conformar tudo. Se um dia acordo de cara boa e pouquinha saudade, já me dói saber que isso é o tempo querendo pregar suas peças de esquecimento. Tenho raiva de esquecer e de ser esquecível."

quarta-feira, 22 de junho de 2011

domingo, 19 de junho de 2011

Mário Quintana

Não quero alguém que morra de amor por mim... Só preciso de alguém que viva comigo, que queira estar junto de mim, me abraçando. Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.

Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim... Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível... E que esse momento será inesquecível... Só quero que meu sentimento seja valorizado.

Quero sempre poder ter um sorriso estampando meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre... E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor. Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém... e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho... Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento... e não brinque com ele. E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.

Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe... Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz. Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.

Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas... Que a esperança nunca me pareça um "não" que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como "sim". Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros... Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.

Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim...e que valeu a pena!



Querer

"... Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira: compreendo, sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. O que ou quem cruzo esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: ilusão, passatempo. E exigimos o eterno do perecível, loucos"

O jeito deles - Martha Medeiros

O que é que faz a gente se apaixonar por alguém? Mistério misterioso. Não é só porque ele é esportista, não é só porque ela é linda, pois há esportistas sem cérebro e lindas idem, e você, que tem um, não vai querer saber de descerebrados. 

Mas também não basta ser inteligente, por mais que a inteligência esteja bem cotada no mercado. Tem que ser inteligente e... algo mais. O que é este algo mais? 

Mistério decifrado: é o jeito. 

A gente se apaixona pelo jeito da pessoa. Não é porque ele cita Camões, não é porque ela tem olhos azuis: é o jeito dele de dizer versos em voz alta como se ele mesmo os tivesse escrito pra nós; é o jeito dela de piscar demorado seus lindos olhos azuis, como se estivesse em câmera lenta. 

O jeito de caminhar. O jeito de usar a camisa pra fora das calças. O jeito de passar a mão no cabelo. O jeito de suspirar no final das frases. O jeito de beijar. O jeito de sorrir. Vá tentar explicar isso. 

Pelo meu primeiro namorado, me apaixonei porque ele tinha um jeito de estar nas festas parecendo que não estava, era como se só eu o estivesse enxergando. 

O segundo namorado me fisgou porque tinha um jeito de morder palitos de fósforo que me deixava louca ok, pode rir. Ele era um cara sofisticado, e por isso mesmo eu vibrava quando baixava nele um caminhoneiro. 

O terceiro namorado tinha um jeito de olhar que parecia que despia a gente: não as roupas da gente, mas a alma da gente. Logo vi que eu jamais conseguiria esconder algum segredo dele, era como se ele me conhecesse antes mesmo de eu nascer. Por precaução, resolvi casar com o sujeito e mantê-lo por perto. 

E teve aqueles que não viraram namorados também por causa do jeito: do jeito vulgar de falar, do jeito de rir sempre alto demais e por coisas totalmente sem graça, do jeito rude de tratar os garçons, do jeito mauricinho de se vestir: nunca um desleixo, sempre engomado e perfumado, até na beira da praia. Nenhum defeito nisso. Pode até ser que eu tenha perdido os caras mais sensacionais do universo. 

Mas o cara mais sensacional do universo e a mulher mais fantástica do planeta nunca irão conquistar você, a não ser que tenham um jeito de ser que você não consiga explicar. 


Tomara

Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor ser feliz junto
Que viver sofrendo sozinho

Tomara 
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo

Como nunca mais....

Agora já sei.


Nao tem uma palavra que supere o “amo” antes de “você” e depois de “eu”...

Ô coisa...

Quantas vezes você andava na rua e sentiu um perfume e lembrou de alguém que gosta muito?
Quantas vezes você olhou para uma paisagem em uma foto, e não se imaginou lá com alguém... 
Quantas vezes você estava do lado de alguém, e sua cabeça não estava ali? 
Alguma vez você já se arrependeu de algo que falou dois segundos depois de ter falado? 
Você deve ter visto que aquele filme, que vocês dois viram juntos no cinema, vai passar na TV... 
E você gelou porque o bom daquele momento já passou... 
E aquela música que você não gosta de ouvir porque lembra algo ou alguém que você quer esquecer mas não consegue? 
Não teve aquele dia em que tudo deu errado, mas que no finzinho aconteceu algo maravilhoso? 
E aquele dia em que tudo deu certo, exceto pelo final que estragou tudo? 
Você já chorou por que lembrou de alguém que amava e não pôde dizer isso para essa pessoa? 
Você já reencontrou um grande amor do passado e viu que ele mudou? 
Para essas perguntas existem muitas respostas... 
Mas o importante sobre elas não é a resposta em si... 
Mas sim o sentimento... 
Todos nós amamos, erramos ou julgamos mal... 
Todos nós já fizemos uma coisa quando o coração mandava fazer outra... 
Então, qual a moral disso tudo? 
Nem tudo sai como planejamos portanto, uma coisa é certa... 
Não continue pensando em suas fraquezas e erros, faça tudo que puder para ser feliz hoje! 
Não deite com mágoas no coração. 
Não durma sem ao menos fazer uma pessoa feliz! 
E comece com você mesmo!

Responsabilidade Social

"Existe uma solidariedade entre os homens enquanto seres humanos que torna cada um co-responsável por todo erro e por toda injustiça no mundo, especialmente por crimes cometidos em sua presença ou com seu consentimento. Se deixo de fazer o máximo possível para que não aconteçam, também eu sou culpado por eles. Se eu presenciei o assassinato de outros sem arriscar minha própria vida para tentar impedir, a culpa que sinto não comporta qualquer explicação legal, política ou moral. Continuar a viver depois de uma ocorrência como esta é viver sob o peso de uma culpa indelével." 

Li isso no meu livro preferido, "Para curar um mundo fraturado - A ética da responsabilidade" Rav Sacks, Pagina 158.

Esse é um capítulo que trata da responsablidade que temos pelo outro, numa sociedade, para sermos pessoas íntegras e ativas.
Mas também queria puxar para um outro lado.
Cada um é responsável pelo outro.
Não só em termos sociais, mas também emocionais.
Nós, como seres humanos, temos o dever de estender a mão a quem pede ajuda, de dizer palavras boas à quem precisa de um apoio moral ou por quem passa por um momento difícil.
Nosso atos podem servir de exemplo a todas as pessoas que nos rodeiam, e se nos mostramos preocupadas por seu bem estar, elas vão se sentir bem, pois alguém se preocupa com elas, e elas vão se preocupar com outras pessoas, e assim inicia uma corrente de solidariedade mútua, onde há respeito e compreensão entre as pessoas.

Se somos amigos, se somos humanos, se temos coração, devemos fazer desse mundo, um mundo em que a bondade e a ajuda ao próximo não seja mais um mito que ficou no passado.

Ter coração quente, ter consideração pelo que aflige o outro, e fazer o possível para ajudar a melhorar,isso é viver de verdade. Isso é ter sentido na vida e não estar aqui à toa

Esperança

Quem tem esperança luta. 
Quem está desiludido aceita. 
Uma moralidade de esperança reside na certeza de que podemos mudar o mundo para melhor. 
Sem determinadas convicções é difícil ver da onde pode vir a esperança, exceto do otimismo. 
Otimismo e esperança não são a mesma coisa. 
Otimismo é a crença de que o mundo está mudando para melhor; 
Esperança é a certeza de que, juntos, nós podemos fazer o mundo melhor.
Otimismo é uma virtude passiva; esperança é uma virtude ativa.
Não é preciso ter coragem para ser otimista, mas é preciso ser muito corajoso para ter esperança.

sábado, 18 de junho de 2011

Que...

Que eu não perca a capacidade de amar, de ver, de sentir. Que eu continue alerta. Que, se necessário, eu possa ter novamente o impulso do vôo no momento exato. Que eu não me perca, que eu não me fira, que não me firam, que eu não fira ninguém.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Auto-estima alta.


'É complicada essa história de auto-estimar-se: se for alto demais é arrogância, vaidade e prepotência; se for alto de menos é baixa auto-estima, complexo de inferioridade, falta de amor próprio. 
Mas é necessário alto estimar a si mesmo, ou em palavras mais fáceis e mais simples: ter auto-estima alta. 
Complicado é que muitas vezes vejo minha auto-estima não tem nada nem de alta, nem de auto.
Quando menos espero, me pego esperando alto estima dos outros para que a minha auto-estima baixa fique mais alta.
Fomos condicionados a depender da alto estima alheia pra ter a nossa auto alta. 
Então deixa eu escrever alto e claro: 
quem espera por meio do alto estimar de outrem ter auto-estima alta, nunca vai ter estima nem auto nem alta.' 


(Autorama - Franco Fanti)

Chegue



“Chegue bem perto de mim. 
Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa. Ou não diga nada, mas chegue mais perto.
Não seja idiota, não deixe isso se perder, virarpoeira, virar nada. Daqui há pouco você vai crescer e achar tudo isso ridículo. 
Antes que tudo se perca, enquanto ainda posso dizer sim, por favor chegue mais perto”."

terça-feira, 14 de junho de 2011

Que se dane.

Sabe uma coisa que eu não entendo?
Me dizem pra ter paciência, pra dar tempo ao tempo, que se for pra ser vai ser.
Mas como alguém pode ter essa ousadia?
Como podemos ser tão prepotentes ao ponto de ter a certeza de que temos todo o tempo do mundo?
E se amanhã for tarde demais?
E se um de nós não tivermos mais vida pra viver o tão esperado futuro?
Já perdi alguém antes de poder dizer o que sentia. E o que ficou por dizer, ficou, e ele se foi.
A morte é o pior acontecimento para aqueles que permanecem vivos.
Se soubéssemos quanto tempo ainda temos, nos daríamos ao luxo de esperar? De adiar? De se conformar?
Quando vamos aprender que precisamos derrubar alguns muros para chegar na linha de chegada antes que o tempo termine?
Mas aprendemos assim.
A não olhar pra cima, a não se arriscar de novo, a ter medo e ser covarde!
E então precisa do tempo como desculpa.
Quem espera, que se dane.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

De bem

Tô me afastando de tudo que me atrasa, me engana, me segura e me retém. 
Tô me aproximando de tudo que me faz completo, me faz feliz e que me quer bem. 
Tô aproveitando tudo de bom que essa nossa vida tem. 
Tô me dedicando de verdade pra agradar um outro alguém. 
Tô trazendo pra perto de mim quem eu gosto e quem gosta de mim também. 
Ultimamente eu só tô querendo ver o ‘bom’ que todo mundo tem. 
Relaxa, respira, se irritar é bom pra quem? 
Supera, suporta, entenda: isento de problemas eu não conheço ninguém. 
Queira viver, viver melhor, viver sorrindo e até os cem. 
Tô feliz, to despreocupado, com a vida eu to de bem. 


(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Clarice Lispector

Eu sei que nos acostumamos. Mas não devíamos.
Acostumamo-nos a morar em apartamentos de fundos, e a não ter outra vista
que não as janelas em redor.
E porque não temos vista, logo nos acostumamos a não olhar lá para fora.
E porque não olhamos lá para fora, logo nos acostumamos a não abrir de todo
as cortinas.
E porque não abrimos as cortinas logo nos acostumamos a acender cedo a luz.
E à medida que nos acostumamos, esquecemos o sol, esquecemos o ar,
esquecemos a amplidão....
Acostumamo-nos a acordar de manhã sobressaltados porque está na hora.
A tomar o café a correr porque estamos atrasados.
A ler o jornal no autocarro porque não podemos perder o tempo da viagem.
A comer uma sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque
já é noite.
A dormitar no autocarro porque estamos cansados. A deitar cedo e dormir
pesado sem termos vivido o dia.....
Acostumamo-nos a esperar o dia inteiro e ouvir ao telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem recebermos um sorriso de volta.
A sermos ignorados quando precisávamos tanto ser vistos.
Acostumamo-nos a pagar por tudo o que desejamos e o que necessitamos.
E a lutar, para ganhar o dinheiro com que pagar esses desejos e essas
necessidades.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagaremos mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que
pagar....
Acostumamo-nos à poluição.
Às salas fechadas, de ar condicionado e cheiro a cigarro. À luz artificial.
Ao choque que os olhos sofrem com luz natural.
Às bactérias na água potável.
Acostumamo-nos a coisas demais, para não sofrermos....
Em doses pequenas, tentando não perceber, vamos afastando uma dor aqui, um
ressentimento ali, uma revolta acolá....
Se a praia está contaminada, molhamos só os pés e suamos no resto do corpo.
Se o cinema está cheio, sentamo-nos na primeira fila e torcemos um pouco o
pescoço.
Se o trabalho está difícil, consolamo-nos a pensar no fim-de-semana.
E se no fim-de-semana não há muito o que fazer, deitamo-nos cedo e ainda
ficamos satisfeitos porque temos sempre o sono atrasado.
Acostumamo-nos para não nos ralarmos com a aspereza, para preservar a pele.
Acostumamo-nos para evitar feridas.
Acostumamo-nos para poupar a vida. Vida que aos poucos se gasta, e que gasta
de tanto se acostumar, e se perde de si mesma.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Amor Epidérmico

Seus pais foram jantar fora e deixaram o apartamento só para você, seu namorado e a tevê a cabo. Que inconseqüentes! Em menos de um minuto vocês deixam a televisão falando sozinha e vão ensaiar umas cenas de amor no quartinho dos fundos. De repente, escutam o barulho da fechadura. Seu pai esqueceu o talão de cheques. Passos no corredor. Antes que você localize sua camiseta, sua mãe se materializa na porta. Parece que ela está brincando de estátua, mas não resta dúvida que entrou em estado de choque. Você diz o quê? Mãe, a carne é fraca.

A desculpa é esfarrapada mas é legítima. Nada é mais vulnerável que nosso desejo. Na luta entre o cérebro e a pele, nunca dá empate. A pele sempre ganha de W.O.

Você planeja terminar um relacionamento. Chegou à conclusão que não quer mais ter a seu lado uma pessoa distante, que não leva nada à sério, que vive contando piadinhas preconceituosas e que não parece estar muito apaixonado. Por que levar a história adiante? Melhor terminar tudo hoje mesmo. Marca um encontro. Ele chega no horário, você também. Começam a conversar. Você engata o assunto. Para sua surpresa, ele ficou triste. Não quer se separar de você. E para provar, segura seu rosto com as duas mãos e tasca-lhe um beijo. Danou-se.

Onde foram parar as teorias, os diálogos que você planejou, a decisão que parecia irrevogável? Tomaram Doril. Você agora está sob os efeitos do cheiro dele, está rendida ao gosto dele, está ligada a ele pela derme e epiderme. A gravação do seu celular informa: seus neurônios estão fora da área de cobertura ou desligados.

Isso nunca aconteceu com você? Reluto entre dar-lhe os parabéns ou os pêsames. Por um lado, é ótimo ter controle absoluto de todas as suas ações e reações, ter força suficiente para resistir ao próprio desejo. Por outro lado, como é bom dar folga ao nosso raciocínio e deixar-se seduzir, sem ficar calculando perdas e danos, apenas dando-se ao luxo de viver o seu dia de Pigmaleão.

A carne é fraca, mas você tem que ser forte, é o que recomendam todos. Tente, ao menos de vez em quando, ser sexualmente vegetariano e não ceder às tentações. Se conseguir, bravo: terá as rédeas de seu destino na mão. Mas se não der certo, console-se. Criaturas que derretem-se, entregam-se, consomem-se e não sabem negar-se costumam trazer um sorriso enigmático nos lábios. Alguma recompensa há de ter.



(Martha Medeiros)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Velhice.

Desde que voltei de Israel, não tinha tido a oportunidade de sentir minha família maior reunida.
Não digo de pais e irmãos. Falo de tios, tias, primos, avós, tias avós, tios avôs, vizinhos, velhinhos, carinhos.
Hoje, na casa da minha vó, festejou-se os 69 anos de vida dessa pessoa mais amada do mundo.
Mas o que me fascinou foi a quantidade de cabeças brancas que povoavam a sala, aquelas pessoas cujas rugas denunciavam décadas e décadas de vida, quase um século.
Não consegui não notar, e alguma coisa aqui dentro queria me manter perto dessas senhoras, que mesmo sendo minha família, eu nunca nem tinha realmente conversado sobre alguma coisa.
Um dos meus melhores hobbies é sentar uma tarde inteirinha com a minha vó e escutar todas aquelas histórias, que mesmo já conhecidas, adoro escutar de novo, porque só ela sabe contar desse jeitinho tão detalhado e tão seguro.
Resolvi me sentar ao lado da minha bisavó e da irmã dela.
Minha bisa já não escuta de um ouvido e já não enxerga como deveria. E sentada ao seu lado, eu olhava para sua pele, para suas mãos, seus dedos gordinhos, e eu fiquei bem tentada a ficar fazendo carinho, como sempre faço com a minha avó, mas infelizmente, não tenho intimidade suficiente pra isso. Mais tarde foi até bom, porque ela reclamou que tava com dor nos braços e nas mãos, se eu começasse a apertar não daria certo.
A irmã dela, sentada ao lado, tá bem inteira. Magrinha, com a sua bengala, e com os olhos azuis funcionando muito bem.
Mas houve um detalhe que me surpreendeu: Em todos os meus quase 22 anos de vida, nunca tinha percebido o quanto ela é risonha. O quanto os olhos dela transmitem uma bondade tão relaxante, e o quanto eu queria poder saber mais sobre a vida dela.
Percebi que todas as velhinhas da sala tinham o mesmo comportamento.
Chegavam, escolhiam sua cadeira, e pá. Ficavam sentadas ali atééééé... E o mais engraçado foi escutar a conversa das duas. Imaginei décadas atrás, quando as duas ficavam fofocando sobre coisas da vida, e qual não foi minha surpresa quando percebi que essas senhoras mais outras se comunicavam sempre pelo telefone, uma coisa já tão rara hoje em dia.
E é aí que eu me pego pensando o que será da humanidade quando já não puderem mais usar internet pela visão corrompida pela idade? Quem vai fazer companhia pra quem?
Essas senhoras se acostumaram a ter contato de verdade com as pessoas, com os amigos, e isso não se perdeu. E a gente que se relaciona mais com o computador do que com as pessoas ao vivo? Mas essa já é uma discussão para outra prosa.
E me surgiu um pensamento mais urgente na cabeça de que um dia eu terei essa idade, e não sei se meus bisnetos sentarão ao meu lado como eu sentei ao lado delas. Não sei como estará minha saúde, meu humor, minha vida, e se vou ter orgulho do caminho que percorri.
Simplesmente me vi ali sentada, com saúde, no início da vida, imaginando se o tempo não passaria realmente voando.
Essa noite me fez pensar mais sobre o futuro.
Mas afinal, o que queremos do futuro?