segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Despedidas.


Já tinha esquecido da sensação de despedida.
Toda essa contagem regressiva pra voltar pra algum lugar, pra se programar antes e fazer tudo o que precisa, pra se despedir das pessoas.
Essa sensação de mudança, de querer que o tempo pare e tire toda essa pressão de cima da gente.
Essas datas que marcam uma viagem, que aproxima dos que nos esperam e nos afasta dos que se despedem.
Estar em um lugar que todos sabem que um dia você não estará mais, e que sempre lembram quando você precisa voltar, porque cada um que encontramos nos perguntam: Até quando você fica aqui?
Ter uma data que lembre que o tempo passou rápido, e que não adianta querer voltar, porque o tempo não volta. Essa é a regra.
Sentir que quer juntar todas as pessoas que conhecemos em um lugar só, e que todas participem da sua vida e nunca mais ter que se separar.
Sentir que você teve companhia todo esse tempo, mas que vai chegar um momento que você estará sozinha.
E então desejar nunca se despedir, porque a mudança dá medo.
E é natual o medo do desconhecido, mas o ser humano não gosta muito de surpresas, de não saber o que vai acontecer.
Gosta de tudo agendado, gosta de tudo planejado, mesmo que o plano não dê certo, pelo menos você se ilude.
Pelo menos sente um pouco de segurança, e pelo menos tem com o que ocupar seu tempo.
Mas a vida é assim.
O tempo passa, e sempre chegará o último ano, o último mês, a última semana, o último dia, a última noite, a última hora.
Até que não tem mais nenhum último, e começam os 'primeiros'.
Primeiro segundo que você não está mais com alguém, o primeiro dia que você chegou, o primeiro mês que você nem viu passar, até a primeira vez que você esqueceu que um dia esteve naquela contagem regressiva.

De coração, Melida Morel

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