O desafio do homem é saber utilizar o tempo da melhor maneira possível.
Pra isso é preciso saber que a vida tem um fim, e que ele não é distante.
A grande maioria das pessoas vivem sem pensar nisto, como se suas vidas fossem eternas. Por isso, procuram juntar enormes somas de dinheiro e se preparar o máximo possível para viverem muito bem e se acomodarem neste mundo. No entanto, sabemos que existe um limite para essa vida. Quanto mais velha é uma pessoa, mais ela percebe como a vida é curta.
Uma criança tem a ilusão de que a sua vida jamais acabará, pois a morte está muito distante dela. Porém, alguns anos mais tarde, a pessoa começa a perceber que o tempo realmente passa e que é impossível segurá-lo.
Um adolescente olha para uma pessoa de 27 anos, casada, com dois filhos, imaginando que essa idade é tão distante para ele, que nem vale a pena se preocupar com ela. Porém, a idade chega e muito mais rapidamente do que se imagina. O mesmo acontece com uma pessoa de 30 anos que não se preocupa com o fato de um dia chegar aos 70. Com o passar de todo esse tempo, o fim começa a se aproximar; a pessoa se vê obrigada a pensar nos valores e a utilidade da vida, e o que deve fazer com ela. O perigo é que essas questões podem chegar tarde demais e não haver mais tempo de fazer muita coisa. é como se a pessoa tivesse jogado fora o bem mais valioso que alguém já pode ter lhe dado: o tempo.
É preciso perceber, além disso, o valor do tempo.
Imagine que alguém anuncie que amanhã será depositado na sua conta US$ 86.400,00 dólares. No entanto, a cada segundo que passar, você terá direito a menos um dólar se não gastá-lo, ou seja, no final do dia se você ficar parado, perderá todo esse dinheiro.
O que você faria?
Imagino que acordaria à meia-noite e iria correndo ao Shopping Center a fim de comprar de tudo o que mais gosta e só descansaria à meia-noite do dia seguinte. Verdade?
Pois eu tenho uma ótima notícia para lhe dar: Você acaba de ser premiado com um prêmio muito melhor do que esse! Amanhã o seu dia terá 86.400 segundos. Acredite, cada um deles vale mais do que um dólar; com esse dinheiro você pode comprar, digamos, duas Coca-colas, ao passo que, com um segundo, você pode se arrepender de todo o mal que já fez na vida, de todos os prejuízos morais que já causou às outras pessoas, e lhe demonstrar isso por meio de um pedido de desculpas. Mais do que isso, você pode apagar tudo o que há de negativo no seu passado, e transforma-se em uma nova pessoa. Pode ainda doar dinheiro para uma escola que estava prestes a fechar por falta de condições financeiras. Desta escola poderá sair um grande gênio que revolucionará a Medicina do mundo inteiro, salvando, quem sabe, milhares de vidas; ou ainda, um grande rabino capaz de influenciar milhares de famílias, que passarão a ter a vida repleta de sentido e felicidade. Melhor do que tudo: com esse segundo, você não comprará duas coca-colas, mas poderá construir um mundo melhor, aproximando-o do seu estado ideal.
Em nossas mentes, um ato tem a duração de um instante. Mas, se colocar os óculos especiais, você verá que um ato de bondade é, na realidade, eterno. No próximo mundo, quando não haverá mais limites materiais, você verá que o ato que praticou em apenas um segundo lhe acompanhará por toda a eternidade, isso porque ele fará parte de você.
Neste mundo temos a impressão de que os aspectos físicos são eternos e os atos, temporários.
Por exemplo, muitos crêem que uma pinta na testa faz parte de uma pessoa, e é isso que a acompanha para sempre. No entanto, se pensarmos mais profundamente, perceberemos que obviamente essa pinta um dia desixará de existir, uma vez que os vermes irão devorá-ladepois que essa pessoa morrer. Por outro lado, um ato fica carimbado na alma, a sua verdadeira essência, para sempre.
Com isso fica claro o valor do tempo. No entanto, se não o preenchemos, ele acaba evaporando e não valendo nada. Uma pessoa pode ter morrido com 20 anos e, mesmo assim, ter vivido mais do que outra que faleceu aos 90. Tudo depende de como o tempo foi preenchido.
Quando a Torá relata a morte de uma pessoa justa, ela usa o termo "...E fulano veio em seus dias". Isso significa que, no final da sua vida, esta pessoa estava lá, presente, e carregou consigo toda a sua experiência, até o último dia; não perdeu o sorriso da infância, a inocência, e nem o ativismo da juventude. Assim, chegou à reta final com tudo o que adiquiriu durante a vida. É isso que a constituiu como pessoa: por isso, estava presente. Não perdeu nada, nem mesmo a vontade de viver. Por isso o sábio não se entristece nem teme envelhecer. Por outro lado, há pessoas que não estão presentes no final da própria vida. Deixaram tudo o que viveram e aprenderam para trás. Chegaram à reta final carregando apenas o seu corpo e algumas poucas experiências. O resto foi largado no tempo.
